sexta-feira, 7 de agosto de 2009

"A Senhora das especiarias", de Divakaruni

Uma história com uma grande componente oriental e um gosto requintado das mais fantásticas especiarias, em que a personagem principal renuncia à beleza e à juventude em prol do seu amor pelas especiarias, vivendo numa sociedade completamente diferente daquela de que é originária.
Passa a vida a tentar resistir ao que lhe é proibido, ao amor, ao desejo, à possibilidade de viver com um homem, a sair à rua, a conhecer a realidade do mundo que a rodeia.

"É sempre assim quando penetramos no mundo proibido a que alguns chamam pecado? Dou o primeiro passo, a custo, sem fôlego. O segundo também faz doer, mas já não tanto. Com o terceiro a dor passa pelo nosso corpo como uma nuvem de chuva. Pouca falta para que nos não dê descanso, ou dor.", In A Senhora das Especiarias

Será possível imaginar a vida sem identidade? Ou melhor, sem um nome fixo, que nos identifique desde sempre e para sempre? Mesmo assim, carregar as exigências, expectativas e regras de um nome que nasceu ele próprio contra as regras. Dar mas não poder receber, não parece justo, nem suportável para sempre.

"Todavia, eu nunca fora abraçada. Nem pelo meu pai nem pela minha mãe. Nem pelas mestras minhas irmãs. Nem sequer pela velha, não desta maneira, com os corações colados um ao outro. Eu, Tilo, a criança que nunca podia chorar, a mulher que nunca haveria de chorar. Sorrio por entre as lágrimas quando o aroma da sua pele me enche e o seu bafo quente pousa nas minhas pálpebras. Os meus ossos derretem-se com este desejo de ser abraçada, eu que nunca julgara desejar a protecção dos braços de um homem.", In A Senhora das Especiarias

Por uma experiência, um sonho, por vezes arrisca-se tudo. E neste caso, quem manda na sorte não é a Mestra, mas sim as Especiarias.

1 comentário:

  1. Esta narrativa me pareceu extremamente poética e cativante durante a sua maior parte.Realmente encantadora, até pouco antes do desfecho,momento em que envereda pelo pior das piores literaturas: o enredo de final fácil e bobo, concluído depois de múltiplos pequenos pontos de tensão que se pretendem interessantes, mas são apenas dispensáveis.Finalmente, me restou a impressão de ser um dos piores livros que já li.

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